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Max Eluard,
45 anos, produtor
de cinema
Como tirou a licença:  era autônomo e ficou trabalhando de casa quando o filho, adotado com 1 ano e 8 meses, chegou. Até hoje, tem horários flexíveis e divide todos os cuidados com os dois filhos com a parceira.
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Foto: Marcelo Müller. Seu filho León também está na foto. 

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Como não é direito dos homens brasileiros ter essa licença, quando ela acontece, é fruto de um privilégio. Temos que encarar isso. Não basta desejo ou disposição dos pais para que a licença aconteça. É preciso que esse casal tenha condições materiais para o pai se ausentar do trabalho ou tirar umas férias, e cumprir esse papel de companheiro. Claro que tem gente com mais privilégio do que eu e decide fazer outra coisa com o tempo. Mas é importante lembrar que é um privilégio. 


 

Claro que brincar e passear é sempre mais gostoso. Mas olhando para trás, não dá pra achar que trocar fralda era chato. Era um puta momento de cumplicidade, de criação de vínculo, de olho no olho. Dar comida, brigar, dar limite, dar bronca. Todos esses detalhes são importantes, são tijolinhos na construção do amor. 


 

Adoção acaba deixando o casal meio sozinho. É diferente quando a mulher passa por uma gravidez, tem toda a expectativa, a romantização da barriga, uma excitação da família. A gente não teve isso. A gente entrou no processo de adoção e um belo dia ficamos aptos a adotar. Foi um susto. Nossas mães moravam longe. E tinha essa questão cultural mesmo, da família inteira não sentir esse vínculo imediato, como é com uma gravidez. A gente estava muito sozinho. 

A relação com meus filhos foi conquistada. Apesar de que eu acho que o vínculo com o filho de barriga também precisa ser conquistado. Qualquer filho - o adotado, consanguíneo, o que quer que seja - precisa ser adotado pelos pais. Os vínculos precisam dos cuidados cotidianos dos pais. A licença é importante e imprescindível na mesma medida para todos os pais.

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"O vinculo é presença, constância, repetição, rotina.
Se a rotina fosse a minha ausência, o vínculo seria outro. Não tem como ser igual. É muito direta essa relação."
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