Ivan Barbosa, 36 anos, articulador social
Como tirou a licença: no nascimento do primeiro filho, foi demitido quando contou no estágio que se tornaria pai, e acabou ficando 4 meses em casa. Na segunda filha, teve licença de quase um mês.
Foto: arquivo pessoal
Eu sou o irmão mais velho de quatro homens e tinha sete anos quando o segundo filho nasceu. A relação de cuidado, que costuma ser destinado às meninas, acabou caindo no meu colo também. Eu era de família muito pobre, meu pai e minha mãe trabalhavam fora. Então muitas vezes eu que levava pra escola, arrumava meus irmãos - tudo de maneira muito precária porque eu era uma criança também. Então a paternidade foi uma coisa até comum para mim porque eu já tinha vivido isso de alguma forma, em alguma instância.
As maiores dificuldade no período em que fiquei em casa foram as financeiras. Tanto eu quanto a minha ex ainda estávamos na faculdade. Minha ex ficou sem falar com a família um tempo, e isso deixou a gente sem rede de apoio do lado deles. O apoio acabou vindo da minha família. A gente precisou até buscar programas de moradia social para conseguir alugar uma casa. Então a condição financeira foi a pior parte. Tudo fica desorganizado quando você não tem condições financeiras.
Eu sempre fui uma pessoa muito pacífica. Mas, depois de virar pai, descobri que posso ser uma pessoa violenta também. Eu faria qualquer coisa para defender os meus filhos. E isso é muito estranho. Eu, uma pessoa pacífica, já me vi fantasiando como agiria de maneira violenta caso alguém fizesse alguma coisa com as crianças. Eu acho isso bem estranho.
Eu gostaria de sentir menos posse e menos medo das coisas que poderão acontecer com as crianças - coisas que irão acontecer mesmo. Porque eu tenho muito medo, e acabo querendo proteger demais. Eu espero que eu consiga me libertar disso nos próximos anos.