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Giuliander Carpes,
37 anos, pesquisadorr
Como tirou a licença:  trabalhava de casa. Pediu demissão quando a filha fez 2 meses e ficou em tempo integral com ela até seu primeiro ano de vida, quando ela foi para a creche.  Até hoje, é quem trabalha de casa.
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Foto: arquivo pessoal

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A minha esposa é executiva, e passa muitas horas fora de casa todos os dias, às vezes 9, 12 horas. E eu não estava muito feliz com o que estava fazendo. Então achei que fazia sentido ficar com a nossa filha. Eu achava que as pessoas que tinham filhos pareciam muito felizes. Então, eu não tive uma licença, eu larguei o meu trabalho mesmo.
Quando ela começou a comer outros alimentos, virou um ciclo sem fim. Eu dava o mamá, aí daqui a pouco já tinha que dar o papá. Aí eu ia lá cozinhar o papá, e virava aquela coisa frustrante da criança comer só um pouquinho, jogar tudo no chão, desperdiçar tudo que você cozinhou. Aí você tira ela da mesa, limpa tudo, e já é hora de dar o mamá de novo. Você fica ali, enxugando gelo.

Quando ela estava com 1 ano, eu comecei a dar aula numa universidade, duas ou três vezes por semana à noite. Mas nem sempre a minha esposa conseguia conseguir chegar a tempo em casa. Teve uma ou duas vezes em que eu acabei levando minha filha para a aula comigo. Acabei dando parte da aula com a minha filha no colo.

Acho que a licença parental seria capaz de pelo menos dar uma limitada nas discrepâncias do mercado de trabalho. Geralmente, quem fica mais tempo com a criança é aquela pessoa que está em posição mais vulnerável no mercado, quem estava fazendo frila, quem tinha menor salário. Isso cria uma obrigação de ficar em casa. Por outro lado, quem traz o dinheiro acaba alijado da possibilidade de ter uma relação maior com o filho nessa fase porque está trabalhando.

"Numa foto de Instagram, um bebê com a roupa toda suja de comida, com a boca suja, é muito legal, né? Mas o que tem atrás daquilo são horas e horas de trabalho."

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