Eduardo Zanelato,
31 anos, jornalista
Como tirou a licença: trabalha em uma agência que dá 1 mês de licença paternidade. Emendou mais 30 dias de férias.
Foto: arquivo pessoal
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Nossa filha nasceu em um parto longo, e a recuperação foi demorada. A amamentação também não foi fácil. A nossa filha chorava muito no colo, porque sentia o cheiro do leite e não conseguia mamar. Não tinha um momento em que ela estava acordada e tranquila, ela passou o primeiro mês de vida só chorando e dormindo. Imagina uma mãe tendo que passar por isso sozinha?
Sei como nós homens somos beneficiados quando a gente vira pai. Até mesmo quando a gente volta ao trabalho. Quando eu voltei de licença, ganhei uma equipe para mim e um aumento. Porque meus chefes entenderam que eu ia ficar sobrecarregado em casa e ia precisar de ajuda para fazer meu trabalho. Não sei se uma mulher ganharia o mesmo.
Eu sou o neto mais novo de uma família muito grande. Então todos os pais da família são mais velhos, criados numa outra lógica, numa sociedade antiga. Para mim, é muito claro que alguns deles torceram o nariz para a nossa divisão. Diziam que eu estava fazendo todo o trabalho do bebê sozinho. Isso me impactou muito. Eu fui pra terapia depois e fiquei semanas só falando disso.
É só ver agora, por exemplo. Eu saí correndo do trabalho, e estou voando para casa para ainda ver minha filha no banho e botar ela pra dormir. E aí ela vai dormir e eu, em vez de jantar com calma com a minha esposa, vou pegar o computador e vou continuar trabalhando. Então eu estou nesse momento em que eu não voltei 100% ao trabalho, mas em que eu preciso voltar 100%.