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Arthur Chacon,
30 anos, professor
Como tirou a licença:  era autônomo na época. Acumulou trabalhos antes do nascimento da filha para juntar dinheiro. Ficou 30 dias em casa. Depois, priorizou trabalhos a distância e cancelou viagens.
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Foto: arquivo pessoal

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Eu lembro que, quando a gente descobriu que ela estava grávida, eu senti dois blocos de sentimentos que não se misturavam: uma euforia que não era só alegria, era um tipo de êxtaste confuso – e junto com ela uma espécie de luto, porque eu sabia que o Arthur que eu era antes ia ter que morrer obrigatoriamente.
E o susto que eu tomei quando vi o mecônio pela primeira vez? Eu sabia o que era, mas nunca tinha visto aquela substância que sai do bebê que ficou digerindo líquido amniótico durante 9 meses. É um piche preto e grudento, gosmento, não parece nada que eu já tinha visto na minha vida. Foi um susto quando eu abri a fralda. Achei que tinha alguma coisa muito errada.

Tive uma crise em relação à minha masculinidade quando ela nasceu, que não tinha a ver comigo. Tinha a ver com o qual seria a figura masculina que eu demonstraria para ela. Me preocupo com o fato de ser o referencial masculino para ela – que é uma figura que vem carregada com uma série de problemas e processos históricos. Não quero ser opressivo.

A maior dificuldade foi criar uma rede de empatia com as pessoas ao redor. Eu tinha uma ideia de que isso ia acontecer naturalmente. Via que as nossas amigas estavam sempre disponíveis, faziam perguntas, tinham interesse. Os amigos, nem tanto. Foi um pouco difícil atravessar esse processo sem esse apoio.

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"Minhas amizades mudaram. Meus amigos sem filhos estranharam a minha ausência. Não sei se acharam que depois de alguns dias as coisas voltariam ao que era antes."
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