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Adriano De Luca,
34, jornalista
Como tirou a licença: depois do nascimento da segunda filha, ficou 6 meses em casa. Depois, se organizou para trabalhar menos horas por semana.
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Foto: Célia Hueck

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O comum é a mãe ficar o dia inteiro com os filhos, e o pai chegar de noite falando que está cansado, que trabalhou o dia todo – como se a mãe não tivesse trabalhado. Eu já fui essa pessoa que falou isso, quando meu primeiro filho nasceu há sete anos. Ter essa experiência doméstica foi importante nesse sentido. A coisa mais difícil e desafiadora que eu já fiz na minha vida foi ficar em casa, com tarefas domésticas e cuidando de duas crianças.
Para mim, não tinha outra opção que não fosse tirar esse tempo para ficar aqui em casa. A gente queria se doar para esse momento, de forma que não tivesse nenhuma pessoa de fora, nem sogra, nem babá, ninguém. A gente quis fazer tudo nós dois, porque a gente achou que fazia sentido passar por isso.

Ser pai foi o que permitiu o maior mergulho da minha vida, que foi o mergulho em mim mesmo. Foi um movimento para que eu fosse me cuidar, que é uma coisa que homens não costumam fazer. Me olhei como pai, como homem, como machista, homofóbico, tudo. 

Viver a criação dos filhos foi um aprendizado. Agora eu olho para a mulher para além de um homem que só se diz feminista. Sentir na pele as tarefas domésticas, que a gente coloca na conta das mulheres, aumentou ainda mais a minha empatia.

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"Tive crises em relação a todos os meus papeis. De marido, homem, pai, profissional,
amigo. É uma desconstrução mesmo. Mas você precisa literalmente se destruir para se reconstruir – e isso é muito doloroso."
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